Arteterapia - o cuidado pela arte
- Joyce Rodrigues
- 29 de set. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 5 de out. de 2023
Fiquei pensando sobre como começar esse blog. E, me dei conta de que mesmo tendo passado algum tempo de experiências, aprofundamentos e compartilhamentos sobre o tema, muitas pessoas, ainda não sabem ou não entenderam do que se trata este trabalho. Logo, vejo a importância de ajudar a difundir a concepção da Arteterapia.
E para falar de maneira simples e compreensível começo te contando o que é de fato como o nome diz, uma junção de dois termos, Arte e Terapia, sendo assim uma forma terapêutica através da arte.

É interessante conhecer a história que precede esse trabalho tão especial. Por isso, farei um breve adendo sobre a arte e a trajetória de sua inserção na psiquiatria, para entendermos um pouco do caminho percorrido para chegar ao que conhecemos de Arteterapia hoje.
A arte antecede tudo que conhecemos do mundo contemporâneo, nos permeia desde os tempos remotos. A arte rupestre, por exemplo, nos conta sobre o homem das cavernas que produzia a impressão de si mesmo e do seu mundo, haviam sentidos e significados em suas feituras artísticas.
E entre todas as definições para a arte, o entendimento incontestável é que trata-se da extensão do próprio ser, é uma forma de externar conteúdos internos desconhecidos. É comunicação, é beleza e é questionamento. É o ato de registrar um tempo, um modo de vida, uma sociedade, uma crença ou um devaneio, como também um alento ou uma explosão do mais puro sentimento. Através de recursos plásticos, linguísticos ou sonoros, a arte permite que o homem expresse toda sua percepção, suas ideias, emoções, e sensações reais ou imaginárias. A arte é por fim, percebida como história e ação, não caberia um único conceito, pois a arte é vida, é movimento e acompanha toda a experiência do ser humano e sua evolução.
E, em dado momento da história da psiquiatria, a arte passou a ser ferramenta de uso terapêutico. Inicialmente nos Estados Unido seguido da Europa, nomes influentes dedicaram-se à muitos estudos para que enfim pudesse ser validado e difundido dentro do cuidado psíquico.
No Brasil, em 1946, Nise da Silveira foi a psiquiatra responsável por implantar um ateliê terapêutico no Centro Psiquiátrico D. Pedro II em Engenho de Dentro. Ela desbravou um campo difícil com resistência e convicção que a prática trazia inúmeros benefícios. Intitulou sua prática como “Emoções de Lidar”, segundo esta percepção, o fato de se dar forma às emoções por meio de imagens, representações e simbolizações das visões do mundo, objetivam-se e descarregam-se fortes conteúdos emocionais, reestruturando, assim, o caos interno da mente.

O decoroso trabalho de Nise atraiu a atenção de Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e patrono da Psicologia Analítica, levando a convite do mesmo uma exposição de seus atendidos ao território europeu. A Dra Nise obteve por seu olhar atento e compassivo, grandes conquistas na psiquiatria e ainda que seu trabalho não possa ser circunscrito ao âmbito específico do campo da Arteterapia, sem dúvida trouxe contribuições importantes para este. E desde então, os caminhos do cuidado através da arte se ampliaram, ganhando validação e território.
Em 1982 surge no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, o primeiro centro de estudos de Arteterapia com abordagem Junguiana, com a ilustre Dra Angela Philippini (à quem tive o privilégio de ter como mestre por dois anos de formação) fundadora da Clinica Pomar, uma grande referência na formação de Arteterapeutas e produção literária do assunto. E de lá para cá, outros eixos de Arteterapia foram se formando e se ampliando por todo o país. Inclusive com abordagens diferentes, como a Gestalt, Freudiana, entre outras.
Contado esse adendo de origem, volto à falar de Arteterapia de maneira descomplicada.
Ela vem apoiada nessa arte primordial, a qual entende o fazer como potência pessoal, sem qualquer julgamento de certo ou errado, tampouco estético como "isso é bonito" ou "isso tá feio". O trabalho arteterapêutico não vai te ensinar a desenhar, nem te dará aula de artesanato.
A Arteterapia vai dar espaço para fluir sua livre expressão. Vai conduzir experimentações e reflexões sobre o que surge. Não vai te sobrepor significados, mas respeitosamente vai te ouvir reconhecer a própria voz.
E é partir das produções plásticas que o trabalho terapêutico acontece, o que vem, as imagens, são elementos de comunicação e ampliação do que está no inconsciente. As técnicas expressivas trazem o não dito, é como "traduzir o indizível em formas visíveis" disse Jung.
Desse modo, a pintura, o desenho, a colagem, modelagem, fotografia, música, poesia, contos, mitos, construções, costura, meditação, entre outras variações de linguagens artísticas estão para auxiliar o percurso do cliente, cada um dentro de sua especificidade e demanda.
A abordagem contempla a todas as idades, a todo público. Atende a toda pessoa. E o trabalho pode ser tanto individualizado como grupal, e neste último confesso que a riqueza da troca é algo atravessa todos os participantes.
Falamos o que é a Arteterapia, de onde ela veio, por onde ela vai e quem ela leva, mas agora falta te falar sobre o que a gente vivencia como resultado do processo.
A promoção da saúde de maneira integral.
Como? proporcionando a integração do ser, juntando as partes desconectadas, trazendo equilíbrio e regulação psíquica, resultante da comunicação do inconsciente com o consciente. Isso em outras palavras significa:
BEM ESTAR , AUTOESTIMA, AUTOCONHECIMENTO,
REDUÇÃO DE ESTRESSE, ANSIEDADE, DEPRESSÃO,
MELHORA NA ATENÇÃO, DESPERTA COMPREENSÃO
E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
entre outros benefícios.
A Arteterapia pode transformar a vida por meio do lúdico e dos afetos que a atravessam.
Quer saber mais? deixe seu comentário.
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